Amamentação e cérebro: como o leite materno impulsiona o desenvolvimento neurológico
- Michelle Monteiro
- 7 de ago.
- 3 min de leitura
Neurocientista explica como o aleitamento exclusivo influencia a estrutura cerebral, inteligência e vínculos emocionais, com efeitos que podem durar até a vida adulta

Mais do que nutrir, a amamentação tem papel fundamental no desenvolvimento do cérebro infantil. Estudos indicam que o aleitamento materno exclusivo por seis meses ou mais promove mudanças estruturais e funcionais no sistema nervoso, com efeitos em áreas como linguagem, memória e cognição social. Em apoio ao Agosto Dourado, a neurocientista Drª Emily Pires, da BrainEstar, destaca como esse vínculo precoce favorece a saúde mental e intelectual ao longo da vida.
De acordo com a especialista, estudos de neuroimagem mostram que crianças amamentadas por ao menos seis meses têm mais substância branca no cérebro, indicando melhor conectividade, especialmente em áreas ligadas à linguagem e ao raciocínio. Além disso, observa-se uma aceleração no processo de mielinização, essencial para a condução eficaz dos impulsos nervosos entre neurônios.
“Mesmo quando controlamos fatores como o QI materno, escolaridade ou condições socioeconômicas, os efeitos positivos da amamentação sobre o cérebro continuam perceptíveis, embora possam ser um pouco atenuados”, explica a Drª Emily.
Esses benefícios se estendem para além da infância. Diversas pesquisas demonstram que o aleitamento prolongado está associado a ganhos cognitivos duradouros, ainda que discretos em termos individuais. “Uma meta-análise publicada no Lancet Global Health apontou que crianças amamentadas por mais tempo tendem a apresentar maiores escores de QI, escolaridade e até mesmo renda na vida adulta. São ganhos médios de dois a três pontos de QI, o que pode parecer pequeno individualmente, mas é significativo quando pensamos em populações inteiras”, ressalta.
A amamentação também exerce um papel fundamental na regulação emocional e na formação de vínculos. Durante o ato de amamentar, o contato pele a pele e o olhar entre mãe e bebê estimulam a liberação de ocitocina — hormônio conhecido por promover vínculos afetivos seguros e reduzir o estresse. Essa interação, segundo a neurocientista, fortalece áreas cerebrais responsáveis pela empatia, pela aprendizagem emocional e pelo controle do comportamento.
“A ocitocina favorece o desenvolvimento do sistema límbico e estimula a neurogênese no hipocampo, área ligada à memória e ao aprendizado. O vínculo construído nesse processo é um alicerce invisível, porém potente, para o desenvolvimento cognitivo”, afirma a neurocientista. Outro fator importante está na composição do leite materno, que é naturalmente adaptado às demandas do cérebro em desenvolvimento. Segundo a especialista, ele contém substâncias como DHA, essencial para formar sinapses; colina, que favorece a memória; e lactoferrina, com efeito neuroprotetor e influência na microbiota intestinal. Oligossacarídeos e esfingomielina também contribuem para a mielinização e a comunicação entre neurônios.
“É praticamente um coquetel neurotrófico, com substâncias cuidadosamente calibradas pela biologia para favorecer o crescimento cerebral em múltiplas frentes”, resume a neurocientista.
Mesmo com os avanços, a ciência ainda investiga como fatores genéticos, culturais e familiares influenciam os efeitos da amamentação, já que essas variáveis podem alterar a resposta de cada criança. “A resposta individual à amamentação pode ser modulada por fatores genéticos, ambientais e familiares. Por isso, embora os efeitos positivos estejam bem estabelecidos, é sempre um desafio isolar exclusivamente o papel do leite materno”, conclui a Drª Emily Pires.
A ciência ainda busca entender todas as variáveis envolvidas, mas o que já se sabe é suficiente para reforçar: o leite materno é mais do que alimento — é base para um cérebro mais saudável desde os primeiros dias de vida.
BRAINESTAR
A BrainEstar é um centro de treinamento cerebral exclusivo, onde pessoas em qualquer faixa etária têm a oportunidade de aprimorar suas habilidades mentais de maneira divertida e interativa através do Neurofeedback. A empresa está localizada na rua Carlos Maria Auricchio, nº 70, no Royal Park, em São José dos Campos. Para mais informações, acesse: www.brainestar.com.br



Comentários