top of page

De ideia simples a startup milionária: como brasileiros transformam sonhos em negócios de sucesso

  • Foto do escritor: Michelle Monteiro
    Michelle Monteiro
  • 16 de out.
  • 4 min de leitura

Casos como Lexos, Lá Vem Bebê e SoluCX mostram como empreendedores brasileiros transformaram dores de mercado em negócios de sucesso


ree

O ecossistema de inovação brasileiro tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação, consolidando-se como um dos mais dinâmicos da América Latina. Em 2024, o país registrou 18.056 startups em operação, segundo levantamento do Sebrae Startups, um crescimento significativo que evidencia o interesse crescente pelo empreendedorismo digital e a evolução do ambiente de negócios, ainda que marcado por desafios estruturais, como burocracia, carga tributária elevada e instabilidade econômica.


Esse amadurecimento se reflete no volume de investimentos captados: em 2024, o setor movimentou R$ 13,9 bilhões, um aumento de 50% em relação ao ano anterior, e registrou 132 fusões e aquisições, alta de 124%, indicando maior consolidação e interesse de grandes empresas em integrar inovações desenvolvidas por startups. Entretanto, como observa Bruno Kerber, cofundador da Lexos, investidor e mentor de startups, o sucesso não depende apenas de uma boa ideia ou produto.


“Startups não quebram por falta de produto — quebram porque não encontram o modelo certo, com os canais certos, para o cliente certo”, afirma. Para ele, dominar a distribuição e definir o modelo de crescimento adequado, seja Sales-Led Growth ou Product-Led Growth, é determinante para a sobrevivência e escalabilidade da empresa.


Kerber também destaca a importância do foco na consolidação da operação. Em sua experiência com a Lexos, a tentativa de expandir para frentes como lojas virtuais paralelas ao seu núcleo de atuação levou a empresa a enfrentar dificuldades. Somente ao concentrar esforços no Lexos Hub, plataforma que integra vendedores a marketplaces, a empresa conquistou tração consistente e foi adquirida pela TOTVS em 2023 por R$ 13,2 milhões.


Para Kerber, inovação e sustentabilidade financeira devem andar juntas, e grandes startups frequentemente não inventam modelos inéditos, mas reinventam experiências existentes de forma eficiente, como demonstram Nubank, QuintoAndar e iFood.


Exemplos recentes e do interior do estado de São Paulo reforçam essa lógica. A Lá Vem Bebê, criada por Michel Zreik, surgiu da percepção de uma dor pouco explorada: a dificuldade de organizar chás de bebê de forma prática e hoje se tornou uma plataforma online para a organização de chás de bebê. A plataforma permite que as futuras mães criem listas de presentes virtuais, compartilhem com amigos e familiares, e recebam o valor dos presentes em dinheiro diretamente na conta bancária.


O serviço oferece diversas opções de personalização, como temas gratuitos, links personalizados e a possibilidade de baixar um PDF com as mensagens de carinho dos convidados. Segundo Michel Zreik, inicialmente a empresa enfrentou baixa adesão e problemas de usabilidade, mas após ouvir clientes e reformular o produto em apenas três semanas, passou a registrar vendas consistentes.


“O produto estava tecnicamente perfeito, mas não era intuitivo para o público. Depois que ouvimos as clientes, reformulamos rapidamente e começamos a vender imediatamente”, relembra o CEO. Para ele, a escuta ativa foi decisiva: “Startups que não ouvem o cliente acabam se perdendo. Nossa virada só aconteceu quando entendemos que precisávamos simplificar ao máximo.”


Com essa estratégia, a empresa desenvolveu mecanismos para identificar gestantes em diferentes fases da gravidez, alcançando 60% do público-alvo no país. Em 2020, foi adquirida pelo Elo7, fortalecendo sua presença no mercado de produtos criativos.

No setor de Customer Experience (CX), a SoluCX, fundada em 2016 por Tiago Serrano, consolidou-se ao oferecer soluções de pesquisa de satisfação e métricas como NPS para varejo e saúde. O desafio inicial foi identificar uma dor real do mercado e traduzir isso em uma solução escalável.


“Identificamos o problema, mas demoramos a chegar ao produto certo. O que fez diferença foi a resiliência”, afirma Serrano. Ele acrescenta que o verdadeiro diferencial da empresa foi combinar software, consultoria e educação para construir um ecossistema capaz de transformar dados em insights estratégicos. “Nosso objetivo nunca foi apenas medir satisfação, mas traduzir feedbacks em decisões concretas para o negócio dos nossos clientes.”


Essas histórias reforçam que, no mercado brasileiro, não basta ter uma boa ideia ou produto: o diferencial está na execução, na estratégia de distribuição, no foco e na capacidade de adaptação. O Brasil, apesar dos desafios, é um terreno fértil para startups capazes de identificar problemas complexos, desenvolver soluções escaláveis e manter resiliência operacional.


Segundo Kerber, “quem consegue escalar aqui, dificilmente não compete fora”. O amadurecimento do ecossistema, evidenciado pelo crescimento do número de startups, pelo aumento dos investimentos e pelo volume crescente de fusões e aquisições, mostra que o país está cada vez mais preparado para impulsionar negócios inovadores e sustentáveis.


BRUNO KERBER


Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia, e-commerce e crescimento de negócios digitais, Bruno Kerber é conselheiro estratégico (advisor), investidor e mentor de startups.


Fundador da Lexos (vendida para a TOTVS em 2023), ele atua, atualmente, apoiando empreendedores nas áreas de estratégia, inovação, crescimento acelerado (growth), captação, marketing e M&A (Mergers and Aquisitions – Fusões e Aquisições). Com visão prática e foco em resultados, seu trabalho contribui para a construção de negócios escaláveis e líderes em seus mercados.

 
 
 

Comentários


bottom of page