Pesquisa mostra que inteligência artificial já domina rotina das PMEs do e-commerce
- Michelle Monteiro
- 27 de out.
- 3 min de leitura
Levantamento da Nuvemshop revela que 27% dos pequenos e médios lojistas usam IA, principalmente em catálogo de produtos e marketing

A inteligência artificial (IA) deixou de ser um diferencial tecnológico e se tornou uma aliada essencial para o crescimento das pequenas e médias empresas (PMEs) do varejo online. De acordo com o NuvemCommerce, estudo anual da Nuvemshop, metade dos empreendedores com loja virtual já utilizam algum recurso tecnológico para apoiar suas operações — e entre eles, 27% afirmam recorrer à IA, tornando-a a ferramenta mais usada por pequenos e médios lojistas no e-commerce.
O entusiasmo em torno do potencial da inteligência artificial despertou a curiosidade de muitos lojistas já no ano passado, motivando-os a adotar essas ferramentas e mantendo-os na vanguarda do mercado. No entanto, o uso ainda é, em grande parte, superficial. Há um amplo espaço para aprofundar e expandir o aproveitamento da inteligência artificial no e-commerce.
O levantamento mostra que a IA é usada principalmente na gestão de catálogo de produtos (43%), seguida por marketing e publicidade (28%) e personalização de ofertas (12%). Já em análises mais complexas, como uso de dados, apenas 8% dos lojistas afirmam utilizar a tecnologia. Além disso, 60% dos empreendedores dizem ter apenas conhecimento básico sobre IA, o que demonstra o potencial de expansão e amadurecimento do setor.
Para Bruno Kerber, cofundador da Lexos, investidor e mentor de startups, o acesso facilitado às ferramentas de IA explica o avanço entre as PMEs. “Nos últimos dois anos, a inteligência artificial deixou de ser algo tecnológico demais para se tornar algo tangível e prático. Hoje, o custo de testar é praticamente zero e o ganho de produtividade é imediato — isso muda completamente a barreira de entrada”, afirma.
Kerber cita o caso de uma pequena marca de cosméticos que passou a usar IA para otimizar o cadastro de produtos no Mercado Livre. “Antes, cada ficha técnica levava cerca de 20 minutos para ser feita manualmente. Com IA, o mesmo trabalho passou a ser feito em menos de três minutos, com descrições mais completas e otimizadas. O resultado foi um aumento de 35% na taxa de conversão em menos de um mês, sem investimento adicional em mídia”, conta.
Segundo ele, o futuro da tecnologia no e-commerce está na automação inteligente de decisões, capaz de prever demanda, ajustar estoques e precificar produtos em tempo real. Outro avanço é a hiperpersonalização — a comunicação individualizada com cada cliente. “O varejo vai deixar de falar para a massa e passar a falar para a pessoa certa, no tom certo. E o mais interessante é que isso não é mais exclusivo das grandes marcas. Pequenas lojas já conseguem fazer isso com ferramentas acessíveis, como WhatsApp Business e plataformas de automação de marketing”, explica.
Para Kerber, o desafio agora é usar a IA de forma mais estratégica. “A tecnologia está deixando de ser um atalho para fazer mais rápido e se tornando um segundo cérebro operacional. O empreendedor precisa aprender a fazer as perguntas certas para o negócio e usar a IA como parceira na tomada de decisão”, afirma.
Ele conclui: “O grande desafio da IA no varejo não é automatizar tudo, é automatizar o suficiente sem perder o essencial. A IA escala eficiência; o humano escala confiança. O futuro do varejo está justamente nesse equilíbrio.”
BRUNO KERBER
Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia, e-commerce e crescimento de negócios digitais, Bruno Kerber é conselheiro estratégico (advisor), investidor e mentor de startups.
Fundador da Lexos (vendida para a TOTVS em 2023), ele atua, atualmente, apoiando empreendedores nas áreas de estratégia, inovação, crescimento acelerado (growth), captação, marketing e M&A (Mergers and Aquisitions – Fusões e Aquisições). Com visão prática e foco em resultados, seu trabalho contribui para a construção de negócios escaláveis e líderes em seus mercados.



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